Este texto, em sua íntegra foi composto por João Francisco da Costa
Bará pode ser o mais benevolente dos Orixás se é tratado com consideração e generosidade.
O arquétipo de Bará
Os filhos de Bará possuem um caráter ambivalente, ora são pessoas inteligentes e compreensivas com os problemas dos outros, ora são bravas, intrigantes e ficam muito contrariadas. As pessoas de Bará não têm paradeiro, gostam de viagens, de andar na rua, de passear, de jogos e bebidas.
Quase sempre estão envolvidas em intrigas e confusões. Guardam rancor com facilidade e não aceitam ser vencidas. Por isso para ter-se um amigo ou filho de Bará é preciso que se tenha muito jeito e compreensão ao tratar-se com ele.
Lendas
Conta a lenda que houve uma demanda entre Bará e Oxalá para que pudesse saber quem era o mais forte e respeitado, e foi aí que Oxalá provou a sua superioridade pois, durante o combate, Oxalá apoderou-se da cabaça de Bará a qual continha o seu poder mágico transformando-o assim em seu servo.
Oxalá então permitiria que Bará a partir de então recebesse todas as oferendas e sacrifícios em primeiro lugar.
A Importância de Bará é fundamental, uma vez que ele possui o privilégio de receber todas as oferendas e obrigações em primeiro lugar, nenhuma obrigação deve ser feita sem primeiro saudar a Bará.
É o dono de todas as encruzilhadas e caminhos, é o homem da rua, quem guarda a porta e o portão de nossas casas, quem tranca, destranca e movimenta os mercados, os negócios, etc. Bará também nos confirma tudo no jogo de IFÁ (Búzios).
Lendas
Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum Orixá invocado escutou suas queixas e gemidos.
Aluman decidiu, então, oferecer a Bará grandes pedaços de carne de bode. Bará comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Bará teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede!
Bará foi á torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória:
Dono dos dendezeiros, cujos cachos são abundantes;
Dono dos campos de milho, cujas espigas são pesadas!
Dono dos campos de feijão, inhame e mandioca!
E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar! Aluman, reconhecido, ofereceu a Bará carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. Havia chovido bastante. Mais, seria desastroso! Pois, em todas as coisas, o demais é inimigo do bom.
Barás que acompanham os orixás
Orixá Bará
Bará Lodê
Ogum Adague
Iansã Adague, Tiriri.
Xangô Tiriri
Odé Adague, Lanã.
Obá Lanã
Ossãnha Bô
Xapanã Burukum
Oxum Agelú
Iemanjá Agelú
Oxalá Agelú
Bará Olodê (Olodê Elegbá)
Rezas
Exu exu Olodê – Exu exu o Bará Lanã
Lanã exu – Bará
Adague exu – Bará
Exu Borokum – Bará
Ajiquireme voduma vodum cabin cabin ajiquirema vodum vodum cabin cabin
Ara dum léba ô – Inha
Ama dum léba ô – Inha
Exu Ala Ketu léba ô – Inha
Inha uá majeque – Inha uá majeque
Ibará Bô abobo Jô Bará e maconché, Bará Alajiki Abobo Jô Bará amadeco eco Ibará bô abobo Jô Jubara lé Balé Exu conché
Reza de Olodê para defesa da casa e, quando se pega filhos de outra casa
Fori fori fori bô Exu gire efori bô - Fori fori fori bô Exu gire efori bô
Frentes de Olodê
Geralmente, as frentes de Olodê acompanham as dos demais Barás, constando de milho torrado, 07 batatinhas inglesas assadas sem água e epô. Lembrando-se sempre que esse orixá é guloso, devendo colocar-se uma significativa quantidade de epô em suas frentes e em seu ecó, que é composto de água, 07 punhados de farinhas e epô.
Além do trivial, pode-se ainda fazer uma cozida de aipim como forma de agrado.
O aipim cozido também deve ser utilizado em Erissum, quando se despacha Olodê ou para se colocar no saco do Eru, juntamente com as demais frentes direcionadas aos Barás.
Quando de Erissum, ainda deve-se fazer para Olodê, embora já deva ter sido despachado, três opetés em forma de pirâmides, cobertos com farinha de mandioca crua.
As frutas marmelo e manga também servem de frente a esse orixá, a essa energia, pois as fibras da manga fortalecem o pedido daquilo que se busca.
Bará Adague (Adá Gué Elegbará)
É o orixá da casa (Ilê), aquele que guarda o recinto, atrás da porta, diante dela, é a energia constante que circunda o ambiente na entrada. Suas respostas são obtidas em encruzilhadas abertas e em estradas oblíquas. É uma representação egocêntrica do exigir sem propor uma solução e, ao mesmo tempo, solucionar sem explicar os termos.
Rezas
Eleu amacheri olebara exu abana dá eleu amacheri onibara exu abana dáà Idem
Eleuá demi cheche mirê à Ademi cheche ni bará
Exu já lanã ide à Exu já lãna fumaléo
Exu já lãna adague à Exu já lãna fumaléo
Exu lanã Exu Berim à Exu Berim exu berim lanã
Frentes de Adague
Milho torrado pintado escuro com 07 batatinhas assadas com um opeté de batatas e dendê com o furo no meio, podendo ainda, colocar-se pipoca e dendê A manga também pode ser utilizada.
Bará Lanã Bô (Bô Elegbará)
É o mensageiro de ligação entre as matas e os demais reinos. A força presente no amido e na casca do milho torrado nas matas. Representa a energia do pedido drástico, a fé cega e em excesso, mas também representa o emprego propriamente dito.
Rezas
Bará Bô anarauê a exu Lanã Oni Bará bô anarauê a exu lanã amade coni modi bará bô bará bô bará ueléfa exu lanã
Frentes
Milho torrado claro com pipocas e opeté sem furo no meio. Pipoca frita com azeite comum, forrado com folhas variadas, dando-se preferência ao Ibá (mamoneiro).
Bará Azê ( Aze Oni Elegbá – Aze Lebára)
É o Bará mais selvagem, mais pertinente, mais respeitado e, por isso, o menos citado. Deve-se ter atenção redobrada em seu culto, não acompanha nenhum orixá, embora, responda por todos. É a liberdade e a revolta contra a opressão social e doméstica.
Rezas
Oni Bará eléo Oni Bará eléo Oni Bará ueléfa epô à Idem
Azê ademi amodi Bará exu ajô a modi baim à Idem
Aze Ademi trabalhador de Bará exu com cajado trabalhador de Xangô
Que Zan Bará voduma exu quere quere que Zan Bará voduma exu quere quere.
Frentes
Milho torrado bem escuro com galo vermelho. Pipoca, as 07 batatinhas, 07 pedaços de carne crua com ar de pimenta. Entrega-se em baixo de uma árvore frondosa com velas brancas (sempre).
Bará Bi (Bi Elegbara) Bará Eléfa (Elexu ifá Elegbá)
Bará responsável pela forja, pela formação do caráter dual humano. É a energia do fogo nos compostos inflamáveis da Terra. É a representação cósmica das misturas e reações químicas, sendo também, a incerteza no caminho, as dúvidas que nos levam à reflexão correta ou errada de nossas certezas cristalizadas.
Rezas
Ae ae oni Bará ô ae ae Oni Bará ama celo Ogum ô ama celo Ogunjá ae ae oni Bará à Idem
Bará Tiriri Lanã (Tiriri Lanã Elegbá)
O único dos barás que não se aproxima de cemitérios, sendo, acompanhante de Xangô. Representa a austeridade humana, o sentimento de culpa inexistente, são aqueles que agem por impulso.
Rezas
Exu Tiriri Lanã Exu Tiriri Lanã Bára que Bára Exu Bára Exu Tiriri Lanã à Idem
Exu Tiriri Lanã Exu Tiriri Lanã Bará Força Exu Bará Exu Tiriri Lanã
Frentes
Milho torrado médio, com 07 balas de mel, manga, um pouco de epô e sete batatinhas.
Bará Odá (Odá my Elegbará)
É a intranqüilidade nos caminhos, os problemas possíveis que possam vir a aparecer, são as fendas naturais, as trilhas que chegam às penínsulas, acompanhante de Obá
Rezas
Bará run éco ge co lodá Bará run éco ge co lodá Bará run éco Bará Lodê Bará run éco ge co lodá i Bará Moreum
à Age co lodá
Bará do ecó abram-se Lodês Bará do ecó abram-se Lodês Bará do ecó Bará Lodê Bará do ecó abram-se Lodês Bará do cruzeiro de terra.
Frentes
Milho torrado pintado escuro com 07 batatinhas assadas com um opeté de batatas e dendê com o furo no meio, podendo ainda, colocar-se pipoca e dendê A manga também pode ser utilizada.
Bará Agelú (Agelú Elegbá)
É a areia da beira da praia e do fundo do mar, é a força escavada pela água, determinada a retornar ao ponto inicial, o final do ciclo da rocha, o mineral purificado , porém, também é a total dissolução de pensamentos.
Agelú é o único vodun Elegbá da família de gege.
Rezas
Bara Agelú, Bará Agelú, Bara Agelu acheribó Bara Agelu acheribó oia nirê ôà Idem
Frentes
Pipocas com milho torrado claro, 07 balas de mel e mel por cima.
Agelú também come epô. 01 opeté com ou sem furo no meio com mel ou dendê.
Bará Ni Borokum ( Borokum Onicéu Mojê Elegbará)
É aquele que dá providência sobre as doenças, sobretudo, a psicológica, é a terra do formigueiro, diretamente das terras de Nupê, Empê, esse vodun é de origem Iorubana e não Cabinda.
Rezas
Lanã Abao Oni aloiê Lanã Abao Oni aloiê Lanã Abao queuá Aloiê Lanã Abao queuá Aloiê à Idem
Frentes
Milho torrado pintado escuro com 07 batatinhas assadas com um opeté de batatas e dendê com o furo no meio, podendo ainda, colocar-se pipoca e dendê A manga também pode ser utilizada.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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http://www.youtube.com/watch?v=7myQYQS0VzY
ResponderExcluirGostei muito
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